Segundo Vídeo de nossa caminhada. Em Guimarães, Portugal, no século XV.
GUIMARÃES - SÉCULO XV
Continuando a caminhada pela nossa genealogia vamos
agora para Guimarães, região norte de Portugal. Aqui encontramos a ponta mais
antiga do ramo dos Carvalhais aos qual estamos ligados.
Foi no século XV, que, nesta região, viveu Domingos
Esteves do Carvalhal. Ele é nosso 16º avô.
Guimarães é uma cidade no norte de Portugal, que fica
a pouco mais de 20 km de Braga e 60 km da Cidade do Porto.
A região na qual Guimarães está integrada é de
povoamento permanente, desde pelo menos a Idade do Cobre, entre 3.300 à 1.200
a.C.
É o que podemos perceber nas ruínas de povoados, que
foram construídos com estruturas predominantemente circulares, as citânias,
como, por exemplo, a citânia de
Briteiros.
Por volta do ano 300 a.C., quando os Romanos chegaram
à Península Ibérica para dominar a região, foram construídas muitas estradas.
Viajando a cavalo era possível ir de Guimarães à Braga em menos de 2 horas, até
a Cidade do Porto em um dia, e para chegar à Lisboa demorava de 6 a 7 dias,
considerando as paradas para descanso.
Guimarães é muitas vezes designada como "Cidade
Berço", por ter sido o centro administrativo do Condado Portucalense no
século XII durante o reinado de D. Henrique e também pela importância histórica que a Batalha de São Mamede, travada na periferia da cidade, em 1128, teve para a formação de Portugal.
Guimarães é hoje uma das mais importantes cidades do
país. Em seu centro histórico, Patrimônio Cultural da Humanidade, é possível viajar no tempo e imaginar como era a
vida de nossos ancestrais.
Não sabemos muito sobre Domingos Esteves do Carvalhal.
Sabemos apenas que ele foi pai de Martim Domingues do Carvalhal, nosso 15º avô.
Mas acreditamos que, de alguma forma, ele esteja ligado a Álvaro Gil de
Carvajal, que chegou a Evoramonte, Portugal, por volta de 1300, pois os
descendentes de Domingos do Carvalhal, que viveram em Angra do Heroísmo, nos
Açores, usavam o mesmo brasão dos Carvalhais descendentes de Álvaro Gil de Carvajal.
Já falamos sobre ele em outro vídeo.
Quanto ao filho de Domingos, temos mais algumas
informações. Martim nasceu no início do século XV, por volta de 1410 e,
conforme carta régia de 1435, recebeu o Senhorio do Casal do Carvalhal na
freguesia do Monte de Santa Marinha da Costa, concelho de Guimarães.
Isso significa dizer que ele tinha o direito e
responsabilidade para administrar uma área de terra e passar parte da renda
para a coroa portuguesa
Quando Domingos do Carvalhal, seus filhos e netos viveram
em Portugal, a população portuguesa estava passando por grandes transformações
políticas e econômicas.
Portugal inicia o século XV com o rei D. João I, que
conquistou o reino vencendo batalhas contra os reinos de Castela e França em
1385. Em 1415 ocupou Ceuta que, segundo alguns historiadores, é o marco da
política de expansão ultramarina e do espírito centralizador do rei.
O próximo rei foi D. Duarte I, que reinou por apenas 4
anos. Foi mais interessado em escrever livros de poesia e revisar as leis. Na
tentativa de ampliar os domínios no norte da África, foi mal sucedido, mas foi
seu irmão, o infante D. Henrique, que teve destaque na História de Portugal,
por ser sob o seu comando que a arte da navegação se desenvolveu.
A seguir vem D. Afonso V, mas, por ter apenas 6 anos,
foi seu tio D. Pedro, Duque de Coimbra, quem ficou com a regência por 7 anos,
sendo generoso aos nobres para que o apoiassem. D. Afonso V assumiu o governo,
aos 16 anos, jovem e inexperiente foi controlado pelos nobres, em especial pelo
Duque de Bragança. Foi durante seu reinado que Portugal expandiu seus domínios
no norte da África.
D. João II assumiu o reinado com 22 anos, após seu pai
abdicar ao trono. Indo para o outro extremo, ele eliminou o poder nos
nobres, extinguiu a Casa de Bragança tomando todo seu patrimônio, reorganizou o
Estado, restabeleceu as relações diplomáticas com outros reinos, firmou com o
reino de Castela o Tratado de Tordesilhas, buscou o caminho marítimo para a
Índia e aumentou a exploração comercial. Seu reinado durou apenas 6 anos e não
deixou herdeiros.
Quem assumiu o trono no final século XV foi D. Manuel
I, primo de D. João II. Para tornar-se rei teve o apoio da nobreza. Restaurou a
Casa de Bragança. Casou-se com a filha dos Reis de Aragão e Castela e, como
parte do acordo instalou a inquisição em Portugal, forçando os judeus a se
converterem ao cristianismo. Seu reinado foi marcante, com grandes explorações,
desenvolvimento e riqueza e se estendeu até 1521.
Nestas mudanças no reinado, que envolviam também disputas
com o Reino de Leão e Castela, estava comprometida toda a nobreza, que passou
por altos e baixos com derrotas políticas e militares, com exceção da casa de
Bragança que, apesar de alguns revezes, cresceu em poder.
Foi no início do século XV que se formou a Casa de
Bragança com o casamento de D. Afonso, filho do rei D. João I com Beatriz,
filha de D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável.
Condestável era o cargo militar mais alto no reino
português e D. Nuno foi um dos personagens mais importantes da história de
Portugal. Ele era um dos filhos de D. Álvaro Gonçalves Pereira, prior da Ordem
de Malta ou Cavaleiros Hospitalários.
A mãe do Condestável D. Nuno era Iria Gonçalves do
Carvalhal, neta de Álvaro Gil da Carvajal, de quem falamos no vídeo anterior.
Foi D. Afonso, o primeiro Duque de Bragança, quem
mandou construir, no século XV, em Guimarães, o Paço dos Duques, que foi
residência dos duques por mais de um século.
A característica original do estilo borgonhês do Paço
Ducal se perdeu pelo abandono a partir do final do século XVI. Ele foi recriado
na metade do século XX, sofrendo grandes alterações.
Fico imaginando nosso 15º avô Martim Domingues do
Carvalhal, Senhor do Casal do Carvalhal, frequentando este palácio em alguma
cerimônia promovida pelos Duques. Ele fazia parte da burguesia portuguesa desse
período.
No século XV, com tantas mudanças no estilo de
governo, hora centralizador absoluto, hora comandado pelos interesses da nobreza,
o povo teve momentos de ascensão econômica com mais oportunidades de comércio,
mas também teve momentos de dificuldade com perdas significativas. Essa
oscilação também contribuiu para a busca de alternativas nos novos territórios
em vias de colonização.
O “povo miúdo”, como eram chamados os mais pobres, no
interior eram dependentes dos senhorios e os que estavam nas cidades viviam de
forma precária.
Alguns viram nas novas terras uma oportunidade de
melhorar de vida, o que não se tornou real para a maioria, pois lá também
continuaram a depender dos senhores de terras.
Os clérigos e nobres, comandantes das ordens
religiosas, com destaque para a Ordem de Cristo, sucessora dos Templários, viam
as conquistas como oportunidade de cristianização e de servir ao reino, o que
também significava receber recompensas.
Para os mercadores era um novo mercado que se abria,
com matéria-prima nova ou que estava em falta no continente, proporcionando
mais lucro.
E, para o rei, é o prestígio, o poder e o aumento de
arrecadação que motivou o investimento nessas conquistas.
Contudo, os lavradores senhores de terras, como era o
caso de nosso 15º avô, Martim Domingues do Carvalhal, enfrentaram dificuldades
com a diminuição de mão de obra e o consequente recuo da produção de suas
lavouras.
Isso fez com que muitos saíssem do continente, ou
enviassem seus filhos para embarcar com as armadas de conquista e exploração de
novos territórios no norte da África e nas ilhas que estavam em processo de
colonização.
No século XV, época em que nossos ancestrais viveram
em Guimarães, florescia o Renascimento na Europa, marcado por grande
desenvolvimento tecnológico e muitas transformações em diversas áreas da vida.
Em 1488 foi impresso em Chaves, a cem quilômetros de
Guimarães, o primeiro livro em língua portuguesa: a obra pastoral chamada
Sacramental; o que ocorreu pouco mais de trinta anos depois de Gutemberg
revolucionar a imprensa com a primeira Bíblia impressa, em 1450.
Jan van Eyck, pintor Flamengo do gótico tardio, após
ir a Portugal para pintar o retrato da Princesa Isabel de Portugal, entre 1428
e 1429, certamente influenciou o desenvolvimento da arte portuguesa junto com
escultores e entalhadores também de Flandres.
Nuno Gonçalves foi um dos pintores da corte do rei D.
Afonso V, sendo ele o provável pintor dos Painéis de São Vicente, criados para
o Paço de São Vicente de Fora, em Lisboa.
Foi em 1436 que Brunelleschi concluiu a cúpula da
Catedral de Santa Maria Del Fiore, ou o “Duomo” de Florença, um marco da
arquitetura renascentista. Porém, em Portugal a arquitetura tomou rumos
próprios mesclando o gótico com alguns elementos renascentistas italianos e
espanhóis, além da influência moura, dos símbolos marinhos e da navegação o que
resultou no estilo conhecido como “Manuelino”, em referência o rei D. Manuel I.
D. Afonso V, que preferia a arte à guerra, entre
outras ações culturais, promoveu o desenvolvimento da música, chamando grandes
músicos para lecionar na Universidade de Coimbra, uma das universidades mais
antigas do mundo.
Por volta de 1470 nasceu, também em Guimarães,
conforme alguns autores, o primeiro grande dramaturgo e poeta português, Gil
Vicente, cuja obra reflete as mudanças da passagem da Idade Média para o
Renascimento, do rompimento de regras rígidas para o questionamento e a
subversão.
Em 1488, Bartolomeu Dias ultrapassou o Cabo da Boa
Esperança; Cristóvão Colombo, chegou à América em 1492 e, Pedro Álvares Cabral,
chegou ao Brasil, em 1500, usando todo conhecimento da navegação astronômica.
Portugal era um dos protagonistas na expansão
territorial desse período. O avanço tecnológico na arte náutica, impulsionada
pela conquista de novas rotas comerciais, foi consolidado em Portugal com a
concentração, em Sagres, de mestres nas artes e ciências ligadas à navegação.
Já no final do século XV e início do XVI, seguindo com
a manutenção das conquistas e expansão do território português, D. Manuel I fez
de Portugal um dos países mais ricos e poderosos da Europa.
Foi no período do reinado de D. Manuel I que viveu
Francisco Dias do Carvalhal, nosso 13º avô, que acreditamos ser neto de Martim
Domingues do Carvalhal.
Ele foi Escudeiro de Aires da Silva, regedor da Casa
da Suplicação (denominação do Supremo Tribunal Português) quando participou da
conquista de Azamor (no atual Marrocos) em 1513, e para isso deveria ter pelo
menos 20 anos, então nasceu em Guimarães por volta de 1490, oitenta anos depois
do provável nascimento de Martim Domingues do Carvalhal. Mas, segundo a principal
referência de pesquisa, acreditamos que Francisco é descendente de Martim.
Francisco Dias do Carvalhal foi o ancestral que iniciou
a nossa ligação com os Açores. Sabemos que participou de batalhas, viveu na
África, foi um personagem importante no início da colonização das ilhas
Açorianas.
Mas essa, já é outra história...
REFERÊNCIAS
Arquivo Nacional – Torre do Tombo, DGLAB – Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas:
1. MARTIM DOMINGUES, F. DOMINGOS ESTEVES DO CARVALHAL - Emprazamento do Casal do Carvalhal, na freguesia do Monte de Santa Marinha da Costa, termo de Guimarães. 02/05/1435
• http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?...
2. FRANCISCO DIAS - Escudeiro de Aires da Silva, do nosso Conselho e Regedor da nossa Casa da Suplicação - Confirmação do privilégio de Cavaleiro. 28/06/1515
• http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?...
o livro 11 [103-786]
SARAIVA, José Hermano. História de Portugal. 2ª edição. Sintra,Portugal: Publicações Europa-América, Ltda – 1993.
MENDES, António Ornelas e FORJAZ, Jorge. Genealogias da Ilha Terceira. Lisboa: Dislivro Histórica – 2007.
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Brasões dos Carvalhais:
Arquivo Nacional – Torre do Tombo, DGLAB – Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas:
LIVRO DO ARMEIRO-MOR – 1509 - João do Cró (ou João du Cros), cujas armas figuram junto da sua assinatura. Códice iluminado, que foi mandado fazer por D. Manuel, e fixou os brasões existentes, o verdadeiro cânon, num tempo em que havia grandes arbitrariedades no uso das armas.
• http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id...
o PT-TT-CR-D-A-1-19_m0264.tif
LIVRO DA NOBREZA E DA PERFEIÇÃO DAS ARMAS DOS REIS CRISTÃOS E NOBRES LINHAGENS DOS REINOS E SENHORIOS DE PORTUGAL", POR ANTÓNIO GODINHO (escrivão da Câmara d'el-rei D. João III, mas o códice foi começado em tempo de D. Manuel (? 13 de Dezembro 1521). [Carvalhal]
• http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id...
o PT-TT-CR-D-A-1-20_m0068.tif
TOMBO DAS ARMAS DOS REIS E TITULARES E DE TODAS AS FAMÍLIAS NOBRES DO REINO DE PORTUGAL INTITULADO COM O NOME DE TESOURO DE NOBREZA – 1675 [Carvalhal]
• http://digitarq.arquivos.pt/details?i...
o PT-TT-CR-D-A-1-21_m0145
TESOURO DA NOBREZA DE PORTUGAL", POR FREI MANUEL DE SANTO ANTÓNIO E SILVA - 1783 [Carvalhal]
• http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id...
o PT-TT-CR-D-A-1-16_m0133
maravilha!
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